É uma decisão difícil, pois queremos que eles fiquem connosco o maior tempo possível. Ao fim de 16 anos, já lhe era difícil estar entre nós.
Fiquei com ele até ao fim, até ao fim ele confiou em nós…
Sente-se a perda do nosso animal como um familiar nosso, afinal foram 16 anos de convívio diário, brincadeiras, afetos.
Após ele partir percebi o verdadeiro espaço que ele ocupava na casa, na família, no meu coração.
Os cães têm esta ligação com os donos, de adoração, dedicação, entrega…
Esta perda foi a ponte para as minhas reflexões; o meu cão foi o meu ensaio para o meu primeiro filho, a dedicação, o cuidado com um ser dependente de nós, a pressa de chegar a casa para o ver e com ele partilhar alegrias; foi um ensaio para a morte, não tendo, felizmente, perdido nenhum ente querido, foi a minha primeira perda, antecipando a dor que sente com a morte, com a saudade; foi um ensaio para a Vida…
Com ele percebi a importância das rotinas na nossa vida, que tanto nos sobrecarregam, mas quando as perdemos, percebemos o quanto nos preenchem, nos distanciam do vazio.
É difícil a decisão de deixar partir, deixar partir com dignidade, deixar partir mantendo ainda um resto de brilho, um resto de alegria, mas com a certeza que a dor será grande.
Fica o vazio, o vazio de um sentimento partilhado com verdade. O tempo levará esta dor, ficarão para sempre as memórias, as alegrias partilhadas com um companheiro que nada pede, apenas o afeto do seu dono…